EXCLUSIVO: Em kitnets com até 9 famílias, nordestinos buscam em Tijucas uma vida melhor

Jornal Razão descobriu que Tijucas recebeu, apenas neste mês, mais de três ônibus lotados com famílias da Bahia. Aumento populacional causa preocupação nos serviços de utilidade pública, como saúde e educação

EXCLUSIVO: Em kitnets com até 9 famílias, nordestinos buscam em Tijucas uma vida melhor

Reprodução / Imagem ilustrativa

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Tijucas, em Santa Catarina, ganhou mais de 11 mil moradores apenas no último ano, de acordo com dados do último Censo Demográfico do IBGE.

Este crescimento gigantesco, que fez o município passar da marca de 51 mil moradores, causa extrema preocupação à Administração Municipal. Por um lado, comemora-se a vinda de mais pessoas para trabalhar, sobretudo quando se tratam de profissionais qualificados. É fato que, na grande maioria dos setores da indústria e comércio, há um grande déficit de mão-de-obra.

Entretanto, é inegável o impacto em áreas primordiais do Funcionalismo Público, principalmente na saúde e educação.

Nas últimas semanas, o município recebeu ao menos três ônibus, numa espécie de “caravana”, formada por nordestinos em busca de dignidade, uma melhor qualidade de vida e oportunidades. A grande maioria era oriunda da Bahia.

O Jornal Razão confirmou com profissionais da saúde de Tijucas o grande salto no número de atendimentos de pessoas naturais de estados da região do nordeste.

“Na verdade, temos muita gente chegando de todas as regiões. Todavia, impressiona mesmo a quantidade de nordestinos”, afirma uma fonte da área da saúde pública em Tijucas.

O impacto já começa a ser sentido na área da educação, e o prefeito Eloi garante que o município já está se preparando, com a ampliação de inúmeras escolas e construção de várias novas salas de aula na Capital do Vale, tendo em vista que essa migração já vem ocorrendo há algum tempo.

As famílias afirmam que, mesmo precisando se sujeitar a morarem em kitnets com diversas famílias, completamente lotadas, a realidade em Santa Catarina é muito melhor do que a enfrentada em regiões carentes da Bahia. “Aqui é um luxo”, dizem alguns dos migrantes, que preferem não se identificar.

Numa casa alugada em Tijucas, moram juntas 18 pessoas de diferentes famílias, que vieram juntas e alugaram o mesmo endereço por não terem condições de custear o pagamento dos aluguéis.

Um dos primeiros passos, se não o primeiro, é procurar pela ajuda da Assistência Social. Precisando seguir as diretrizes e normativas, muitas vezes se torna impossível fornecer cestas básicas para todos, pois acabam sendo várias pessoas com o mesmo endereço buscando por doações. A quantidade de gente impressiona.

Além de nordestinos, Tijucas também recebe grande número de pessoas até mesmo de outros países, como é o caso da Venezuela, Haiti e Cuba.

Um dos cubanos que escolheu Tijucas como “refúgio” para fugir da ditadura, afirma que, lá, não se tinha certeza se seria possível comer, tampouco o que exatamente comeria durante o dia.

“É inacreditável ver o mercado cheio de coisas nas prateleiras. Até bati foto e mandei pra minha família. Quero trazer eles pra cá. É outra vida. Lá não tem nada disso. A gente come o que tiver”, disse o homem, que atualmente trabalha numa lavação automotiva, mas tem medo de se identificar.

“Se eles descobrem que eu contei, prendem e matam minha família”, garante.