Afinal, uso do celular deixa crianças autistas? Entenda de uma vez por todas!

O mito do Autismo Virtual e a relação com os celulares é explicado pela psicóloga Edna Bento. Saiba mais!

Afinal, uso do celular deixa crianças autistas? Entenda de uma vez por todas!

Reprodução / Redes sociais

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Por Edna Bento

Para quem me conhece sabe que o meu interesse pela psicologia e intervenção precoce surgiu após o diagnóstico de autismo do meu filho em 2011. Desde então comecei a buscar meios para que eu conseguisse minimizar os atrasos do desenvolvimento apresentados por ele. Em 2012 consegui uma bolsa de estudos integral para cursar Psicologia na UNIVALI – Itajaí, a partir de então comecei a me dedicar cada vez mais aos meus estudos com a finalidade de entender cada vez mais acerca do desenvolvimento infantil.

Atualmente me sinto realizada em conseguir auxiliar pessoas e famílias, e tenho percebido que durante o processo de avaliação de crianças, que alguns pais se culpam frente ao diagnóstico dos filhos. Já ouvi frases como: ‘’será que ele (a) desenvolveu autismo porque eu deixei muito tempo na frente da televisão ou celular?’’, ‘’será que foi porque eu não dei amor o suficiente?’’, ‘’será que isso aconteceu porque eu não estava atenta aos marcos do desenvolvimento e demorei a buscar ajudar?’’, ‘’o que eu fiz de errado para que isso ocorresse?’’. Como podemos perceber são frases que revelam sofrimento e indagações; mas dentre essas frases a que eu mais escuto é: ‘’será que meu filho desenvolveu autismo porque eu deixei muito tempo na frente da televisão ou celular?’’ Por isso, resolvi falar sobre AUTISMO VIRTUAL.

Para respondermos esta indagação primeiramente precisamos entender o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Vamos lá?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é considerado um Transtorno do Neurodesenvolvimento, ou seja, ocorre uma alteração durante a formação do sistema neurológico que altera o desenvolvimento da criança. O sistema neurológico começa a se formar na vida intrauterina (durante a gestação) e continua no decorrer da infância, entretanto não se sabe ainda em qual momento ocorre essa alteração.

Como lemos no parágrafo anterior, o TEA é resultado de alterações nas circuitarias neuronais e eles começam a ser formar desde quando o bebê ainda está no útero da mãe. Então NÃO EXISTE AUTISMO VIRTUAL! OS DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS NÃO CAUSAM AUTISMO! O que pode acontecer nos casos de crianças expostas por longos períodos de tempos a dispositivos eletrônicos é acarretar uma série de atrasos no desenvolvimento por falta de estímulos.


Agora vamos entender um pouco mais sobre o autismo...

Atualmente o TEA é considerado um dos Transtornos do Neurodesenvolvimento que tem a maior taxa de prevalência e incidência entre os Transtornos da Infância (1 para cada 30 crianças nascidas) e com características que alteram a qualidade de habilidades relacionadas à comunicação social, ao comportamento e ao funcionamento adaptativo. Outra característica importante no TEA é a precocidade no surgimento dos sintomas. Na maioria dos casos, esses sintomas podem ser observados nos primeiros anos de vida.

O TEA inclui déficits persistentes na comunicação social, bem como comportamento e interesses restritos. As pessoas com TEA, apesar de terem o mesmo diagnóstico, apresentam uma gama muito diversa de sintomas e características. Isso se dá pela heterogeneidade do TEA e variedade dos níveis. Podemos afirmar que, se você conheceu uma pessoa com TEA, conheceu apenas essa pessoa com TEA, porque, com certeza ela será muito diferente de outras pessoas com o mesmo diagnóstico. Isso se dá porque as alterações se dão na qualidade das habilidades, o que acaba acarretando uma variação de espectro muito grande.

A importância da Intervenção Precoce para o Prognóstico Positivo nos casos de TEA

Durante os primeiros anos de vida o cérebro da criança ainda está em formação, o que significa que é mais maleável do que nas idades mais avançadas. Isso explica o porquê de a intervenção ser mais eficaz nesta fase da vida.

Com a intervenção precoce, é possível aproveitar o potencial do cérebro que ainda está em desenvolvimento para preencher a lacunas entreabertas. Sendo assim, podemos afirmar que quanto mais cedo uma criança receber ajuda, maiores são chances de ela progredir positivamente.

Se você perceber algum atraso no desenvolvimento do seu filho busque ajuda, pois quanto mais cedo iniciar a intervenção, mais positivo será o resultado. Não espere ter o diagnóstico para começar a intervir, comece agora!!

Edna Bento é formada em psicologia desde 2017, especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e em Avaliação Psicológica, com formação em Terapia Cognitivo Comportamental, Modelo Denver de Intervenção Precoce (capacitação em ESDM) e psicopatologia infantil. Entre em contato pelo 48 9189-3131 (ou clique aqui).