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Santa Catarina emerge como o principal estado brasileiro no acolhimento de refugiados venezuelanos, com 23,5 mil pessoas abrigadas até julho deste ano. O estado está na vanguarda do movimento nacional de acolhida que já soma 112 mil venezuelanos realocados em todo o Brasil desde 2018.
Esta operação, uma força-tarefa do governo federal em colaboração com mais de 100 instituições, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), tem trabalhado na relocação programada desses imigrantes. Até agora, 988 municípios brasileiros já receberam venezuelanos, com Chapecó, em Santa Catarina, figurando como o quarto município que mais acolheu, registrando 4.510 pessoas.
Segundo o deputado estadual Fabiano da Luz (PT), que esteve em Roraima para compreender o processo migratório até Santa Catarina, é imperativo elaborar estratégias para receber esses refugiados de forma digna. Ele ressalta a necessidade de políticas públicas efetivas e investimentos que aliviem a pressão sobre os serviços locais. "O fluxo de refugiados continua crescendo. O prognóstico é negativo, com uma tendência de piora significativa", observa o deputado.
Florianópolis, a capital do Estado, não está isenta deste desafio, sendo a terceira cidade catarinense que mais abriga imigrantes venezuelanos, com 1.234 pessoas recebidas desde 2018. O aumento continuado nesse fluxo torna cada vez mais urgente a implementação de medidas de acolhimento eficazes.
As autoridades locais e estaduais, em parceria com a União, enfrentam a urgência de unir esforços para atender essa demanda crescente de forma digna e sustentável. As estatísticas apontam que o problema está longe de ser resolvido, tornando essencial o desenvolvimento de estratégias conjuntas entre Estado, União e municípios.
Em meio a este cenário complexo e desafiador, Santa Catarina demonstra a magnitude do problema, mas também serve como um exemplo de esforços coletivos para acomodar aqueles que buscam refúgio.
Historicamente, os venezuelanos não tinham tradição de emigrar.
No século 20, a Venezuela serviu durante décadas como local de acolhimento para pessoas vindas, sobretudo, de outros países da América Latina e do sul da Europa.
A profunda crise que a Venezuela experimentou nos últimos sete anos mudou completamente essa dinâmica e o país se tornou um grande emissor de migrantes.
Cerca de 7,1 milhões de venezuelanos (cerca de 20% da população) vivem atualmente como migrantes ou refugiados em diferentes partes do mundo, segundo dados da ONU de setembro de 2022.
Segundo Juan Navarrete, vice-diretor para a crise de refugiados da Anistia Internacional Venezuela com sede em Bogotá (Colômbia), esse número mostra que a crise migratória venezuelana não deu sinais de arrefecimento — em agosto o número de refugiados era de 6,8 milhões de pessoas.
Algumas pessoas que decidiram permanecer na Venezuela até agora estavam esperando a queda do governo de Nicolás Maduro e, como isso não aconteceu, agora acreditam que é hora de sair.
A Venezuela saiu de um longo período de hiperinflação em dezembro de 2021, mas continua sendo um dos países com a inflação mais alta do mundo.
Nos últimos dois meses, a moeda venezuelana se desvalorizou cerca de 30% em relação ao dólar, cuja cotação oficial passou de 6,28 bolívares por dólar em agosto para 8,26 bolívares por dólar nesta semana, o que deixa o salário mínimo mensal dos venezuelanos em torno de US$ 16 ou R$ 85 — no Brasil, para efeitos de comparação, o salário mínimo é de R$ 1.212.