Amor sem limites: Filho pedala quase 16h para cuidar de pai em abrigo no RS

"Botei o celular no bolso e saí na chuva pedalando até aqui"

Amor sem limites: Filho pedala quase 16h para cuidar de pai em abrigo no RS

Foto: Lucas Abati / Agencia RBS

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Quando descobriu que a casa dos pais estava embaixo d'água no Bairro Sarandi, em Porto Alegre, Adriano Sales, 39 anos, não pensou duas vezes e decidiu vir de Tramandaí para o Instituto de Educação São Francisco, onde Francisco e Josidete Sales estavam abrigados. Desempregado, pediu primeiro um pix para a passagem de ônibus, mas não conseguiu. Sem alternativa, pegou a bicicleta e pedalou por mais de cem quilômetros até a Capital.

— Botei o celular no bolso e saí na chuva pedalando até aqui. Saí 8h da manhã e cheguei quinze pra meia-noite aqui. Passei mal, estava com 39 de febre, graças a Deus o papai do céu foi bom e estou aqui, estou ajudando — contou, em entrevista à Rádio Gaúcha.

Ao chegar a Porto Alegre, o caminho óbvio seria entrar pela Avenida Assis Brasil, que naquele momento já estava alagada. Sem forças pra voltar até a RS-118, contou com um apoio de um motociclista, que deu um "pezinho" pra ele até a freeway.

— Eu acho que a gente tinha que amar mais os pais da gente, eles que nos criaram, deram valor, comida, ensinaram a ser o que é hoje. Tinha que amar mais os pais, evitar de largar nos asilos, o que tem de gente (abandonada), acho muito triste — disse.

Segundo Adriano, o principal motivo para a vinda foi o pai, Francisco, que tem problemas de locomoção e precisa de cuidados especiais. Na manhã desta terça-feira (14), os dois aproveitavam o sol para caminhar pelo pátio da escola, com o auxílio de um andador.

— Isso aqui é um hotel mil estrelas, aqui tem muito amor, muito carinho, pessoal não deixa faltar nada. Eu engordei, toda a roupa que tô usando eles que me deram. Não vai existir lugar que nem esse aqui, vai ficar pra sempre na vida de qualquer um que passou por aqui — destacou o filho dedicado.

Além disso, o abrigo foi responsável por Adriano reencontrar um "amor da época de escola", uma voluntária que auxiliava os abrigados.

— Cara, me deu o piripaque do Chaves, travei, foi muito legal — brincou. Com informações GZH.