Documentos vazados revelaram que os Emirados Árabes Unidos, anfitriões da COP28, planejam utilizar a conferência climática global para impulsionar acordos de petróleo e gás, em vez de se concentrar exclusivamente em soluções para a crise climática. A escolha do Dr. Sultan al-Jaber, CEO da gigante petrolífera estatal ADNOC, como presidente da COP28, está agora sob intenso escrutínio.

A COP28, prevista para ocorrer entre 30 de novembro e 12 de dezembro em Dubai, está no centro das atenções após o vazamento de documentos obtidos pelo Center for Climate Reporting e pela BBC de Londres. Esses documentos indicam que os Emirados Árabes Unidos pretendem aproveitar a presença de lideranças mundiais para promover os combustíveis fósseis - uma das principais causas das emissões de gases de efeito estufa.

Entre os planos expostos está uma proposta de negócio entre a ADNOC e o Brasil, envolvendo a petroquímica Braskem. Documentos mostram um esforço para obter aprovação brasileira para uma oferta majoritária na Braskem, avaliada em R$10,5 bilhões, com foco em garantir alinhamento no mais alto nível do governo.

Após a divulgação da reportagem da BBC, reações não tardaram. O ambientalista Al Gore manifestou preocupação nas redes sociais, enquanto o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, expressou incredulidade. Por outro lado, um porta-voz da COP28 descreveu os documentos como imprecisos, e a equipe dos Emirados Árabes enfatizou o caráter privado das reuniões, sem negar as intenções comerciais.

O Ministério do Meio Ambiente do Brasil, mencionado nos documentos vazados, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. A menção da ministra Marina Silva nos documentos sugere uma pressão direta para a aprovação do acordo com a Braskem.

Este vazamento levanta sérias questões sobre a integridade da COP28 e o comprometimento global com a luta contra as mudanças climáticas. Com as lideranças mundiais se preparando para se reunir em Dubai, a revelação desses planos pode potencialmente ofuscar as discussões climáticas e lançar uma sombra sobre os esforços para alcançar ações climáticas significativas.