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Em meio à suspensão de novas autorizações para a caça ativa do javali, anunciada em agosto pelo Ibama, caçadores e produtores rurais enfrentam agora uma nova dificuldade: o aumento das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em armas e munições. No dia 31 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou a taxa de IPI de 29,25% para 55% para armas de fogo e de 13% para 25% para cartuchos de munição.
O deputado federal Rafael Pezenti (MDB-SC) aponta que a medida governamental afeta de maneira crítica o produtor rural. "O aumento no custo das munições dificulta ainda mais o controle dessa praga que destrói tudo o que tem pela frente, incluindo os pomares de maçã em São Joaquim," afirmou o parlamentar.
Rafael pontuou, ainda, que a medida do presidente "foi uma vingança a um público que não esteve com ele na eleição, só que (os prejudicados) não foram os controladores, os caçadores. Os mais afetados foram os produtores rurais, que agora estão com a safra ameaçada por um bicho que destrói tudo o que tem pela frente. Em São Joaquim, (eles) estão acabando com os pomares de maçã".
A fala do deputado foi ecoada por Richard Rasmussen, biólogo e conservacionista. "São animais que podem pesar até 300 kg e não têm predadores naturais no Brasil. Eles andam em grupos e causam estragos massivos. A situação só vai mudar quando começar a afetar a comida da população," disse Rasmussen.
Engenheiros agrônomos alertam que os impactos da decisão no setor agropecuário podem demorar mais de cinco anos para serem revertidos. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) ressaltou que o javali representa sérios riscos sanitários, especialmente considerando a atual campanha para a retirada da vacinação contra a febre aftosa.
A medida de aumento de IPI ocorre em um cenário já tensionado, no qual o Ibama suspendeu novas autorizações para a caça do animal, alegando a necessidade de desenvolver novos sistemas para cumprir com as imposições do Decreto nº 11.615/2023. O Comando do Exército corroborou que novas autorizações estão temporariamente suspensas, embora as já concedidas continuem válidas.
Santa Catarina, estado representado por Pezenti, é o maior produtor e exportador de suínos do Brasil, uma indústria particularmente vulnerável às doenças transmitidas por javalis. O parlamentar faz um apelo por mais apoio político: "Nós precisamos de mais força para vencer essa batalha. Se você tiver o contato de outros deputados, senadores, tem que sensibilizá-los."
O debate transcende interesses setoriais e entra na esfera pública, envolvendo questões de biodiversidade, segurança alimentar e economia. Com a segunda maior taxa de perda de biodiversidade globalmente, os javalis continuam a representar uma ameaça iminente, agora ainda mais difícil de ser controlada devido às novas barreiras financeiras.