Lula pede fim da greve e é chamado de ‘traidor da educação’ por professores

“Não é 3%, 2% e 4% que a gente fica a vida inteira de greve”, disse Lula

Lula pede fim da greve e é chamado de ‘traidor da educação’ por professores

Divulgação

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Na segunda-feira, 10 de junho de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou “coragem” dos sindicatos da educação superior para encerrarem a greve nas universidades e institutos federais. Em um evento que anunciou R$ 4 bilhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para a educação superior, totalizando R$ 5,5 bilhões para a área, Lula afirmou que a proposta do governo é “irrecusável” e que não se pode permanecer em greve eternamente por um reajuste de 3% ou 4%.

O presidente argumentou que a greve prolongada não prejudica a ele ou aos reitores, mas sim o Brasil e os estudantes brasileiros. Ele relembrou seus tempos como líder sindical, quando muitas vezes lutou pelo “tudo ou nada” e acabou ficando com “nada”. “Não é 3%, 2% e 4% que a gente fica a vida inteira de greve”, disse Lula. Ele também ressaltou que é preciso coragem tanto para iniciar uma greve quanto para terminá-la, pois, segundo ele, as greves têm um tempo para começar e outro para terminar, não podendo “morrer de inanição”.

Durante o evento no Planalto, grevistas protestaram na Praça dos Três Poderes. Professores e servidores das universidades federais e institutos federais marcaram presença, demonstrando insatisfação com a proposta de reajuste do governo. Entidades como o Andes, que representa a categoria dos docentes, e o Sinasefe, de docentes e técnicos, não foram chamadas para as negociações. Os sindicatos criticam o presidente por se distanciar e abandonar o compromisso com o setor que o apoiou nas eleições, sentindo-se frustrados com o governo por “priorizar” a Proifes, a única entidade que aceitou a proposta do Executivo de 15 de maio para reajuste e reestruturação de carreira.

A Proifes justificou sua decisão afirmando que foi a opção menos pior, uma vez que o governo já havia definido que o orçamento de 2024 estava esgarçado até o limite. Segundo o Andes, há 62 instituições de ensino superior federal paralisadas atualmente, com mais 3 aderindo à greve naquela segunda-feira. Os docentes pedem um reajuste e uma reestruturação de carreira melhores que as propostas pelo governo.

O Ministério da Gestão e Inovação afirmou que encerrou as negociações com os professores com a proposta de 15 de maio, que inclui reajustes salariais e mudanças nas carreiras, com um impacto estimado de R$ 6,2 bilhões até 2026. Apesar disso, a greve continua, com o Sintufsc (Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Santa Catarina) organizando ações para pressionar o governo.

A greve já dura três meses, e uma ação nacional nas universidades que seguem paralisadas está programada para demonstrar a força do movimento.

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) rejeitou a proposta de suspender o calendário acadêmico do primeiro semestre devido à greve.

A decisão foi tomada em uma sessão que contou com a presença de estudantes, servidores e professores.

Adriana Mayra, que se dizia uma defensora fervorosa de Lula, expressou sua decepção nas redes sociais: “É Lulinha hoje tu perdeu uma defensora e eleitora fiel. Está cavando sua cova e dando espaço para a Direita voltar. Fiz o L sim, mas quem me viu defender Lula viu, quem não viu não verá mais nunca. Tenho ciência agora das suas mentiras, bom discurso e na prática é só fumo nos pobres.” Esse sentimento de traição é comum entre os que apoiaram Lula esperando mudanças significativas e se encontram agora desiludidos.

Outro exemplo é André, que criticou abertamente o partido: “Lamentável. O partido dos trabalhadores destruindo os trabalhadores que o elegeram.” Essa crítica reflete a frustração generalizada entre aqueles que acreditavam que um governo petista traria melhorias substanciais para a classe trabalhadora e agora se veem desamparados.

Douglas Dias, um dos manifestantes, comentou: “Depois tão na eleição tudo de novo querendo que a gente vote com a corda no pescoço e chamando a gente de fascista se não votar no Lula.”

Maurício Souza, outro grevista, destacou a insatisfação com as condições de trabalho: “Sem vergonhas, quem vai trabalhar nas universidades? Já vou avisando salário baixo= desempenho baixo, meu esforço a partir da traição por parte do governo será o mínimo do mínimo.” Este sentimento de desmotivação é compartilhado por muitos docentes que veem seus esforços e dedicação não sendo reconhecidos ou valorizados adequadamente.

Impactos em Santa Catarina:

Há um total de 48 setores ou unidades impactados pela greve na UFSC. Veja o detalhamento por campus:

Campus de Florianópolis

1. Agência de Comunicação (Agecom)

2. Biblioteca Universitária (BU)

3. Centro de Ciências Biológicas (CCB)

4. Centro de Comunicação e Expressão (CCE)

5. Centro de Ciências da Saúde (CCS)

6. Centro de Desportos (CDS)

7. Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH)

8. Centro Socioeconômico (CSE)

9. Centro Tecnológico (CTC)

10. Colégio de Aplicação (CA)

11. Coordenadoria de Gestão Ambiental (CGA)

12. Departamento de Administração Escolar (DAE)

13. Departamento de Cultura e Eventos (DCEVEN)

14. Departamento de Gestão Patrimonial (DGP)

15. Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia (DPAE)

16. Departamento de Integração Acadêmica e Profissional (DIP)

17. Editora da UFSC

18. Hospital Universitário (HU/Ebserh)

19. Museu de Arqueologia e Etnologia (MArquE)

20. Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI)

21. Prefeitura Universitária

22. Pró-Reitoria de Permanência e Assunto Estudantis (Prae)

23. Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe)

24. Pró-Reitoria de Administração (PROAD)

25. Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas

26. Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PROPESQ)

27. Secretaria de Relações Internacionais (Sinter)

Campus de Araranguá

28. Alguns setores do campus de Araranguá

Campus de Blumenau

29. Serviço de Comunicação do Campus de Blumenau

Campus de Curitibanos

30. Diretoria Administrativa do Campus de Curitibanos

Campus de Joinville

31. Alguns setores do campus de Joinville