Reprodução/ Internet
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Muito se queixa por aí sobre a impopular classe política brasileira. Refiro-me a ela como o todo indissociável e unissonante que é, ao menos, enquanto defesa de seus próprios interesses pessoais. O folclore ideológico que colocou direitistas e esquerdistas em lados opostos da trincheira pode até parecer originalidade atualíssima no Brasil, mas já é assunto gasto e até anacrônico que, a bem da verdade, costuma desvanecer perante uma boa pauta corporativista.
Mas se há uma classe em que não há folclore algum que arrisque uma separação, essa classe é, indubitavelmente, a do poder judiciário. Após a decisão do ministro Toffoli de suspender os 10 bilhões de multas ao grupo J&F da finada Lava-Jato - que só surpreendeu aqueles que pensavam já estar tudo suspenso -, o eminente ministro faz mais uma manobra digna de país com mais de 100 milhões de pessoas sem saneamento básico: Tofolli cassou acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que havia suspendido o pagamento de R$ 1 bilhão em penduricalhos a juízes.
Não sei quem o Tribunal de Contas pensa que é para se meter na contabilidade que o Conselho Nacional de Justiça determina, mas, para o nosso alento, fomos salvos novamente pelos baluartes do vigoroso estado democrático de direito: alguns magistrados contemplados pela decisão devem receber até 2 milhões de reais só de penduricalhos extras em seus orçamentos domésticos.
O excesso de democracia judicial dessa decisão vem sendo tal que o próprio Haddad manifestou preocupação em razão do esforço fiscal que sua equipe econômica vem tentando fazer. Sejamos solidários ao ministro da economia, afinal, bater esse recorde da Lei Rouanet com valores acima dos 16 bilhões de reais para artistas é, de fato, um esforço fiscal que sou incapaz de mensurar.
Suspeito que o leitor também possa ter alguma dificuldade com tais cálculos astronômicos que se penduricalham ante os nossos narizes, pois, conforme demonstra a recente avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), 7 em cada 10 alunos brasileiros não sabem o mínimo básico de matemática.
A notícia ruim é que 100% dos brasileiros comuns pagarão toda essa conta, conhecendo ou não aritmética. A notícia terrível é para aqueles 30% que também pagarão a conta, mas sabem exatamente o porquê.