Cabeleireiro de Joinville vive 32 anos sem saber que os órgãos estão ao contrário

Exame por dores abdominais revela que catarinense tem órgãos em posições invertidas

Cabeleireiro de Joinville vive 32 anos sem saber que os órgãos estão ao contrário

Reprodução/ G1

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Um cabeleireiro de 32 anos, morador de Joinville, descobriu na vida adulta que seus órgãos internos estão posicionados de forma invertida. A revelação ocorreu após um ultrassom realizado para investigar dores abdominais. Jonas Christian Nennemann relata que o diagnóstico trouxe surpresa, já que, durante a infância, ele acreditava possuir apenas uma alteração cardíaca.

A condição identificada é conhecida como Situs Inversus Totalis (SIT). Trata-se de uma alteração congênita rara que faz com que órgãos do tórax e do abdômen estejam em posições espelhadas. Segundo especialistas, essa anomalia geralmente não afeta significativamente a saúde dos pacientes e pode passar despercebida até exames mais específicos.

Ainda na infância, um raio-x realizado por suspeita de sopro cardíaco apontou que o coração de Jonas estava do lado direito do tórax. Na época, ele foi diagnosticado com dextrocardia, uma condição que envolve a inversão apenas do coração. A descoberta do SIT completo só veio aos 21 anos, quando um ultrassom solicitado por uma médica identificou a posição invertida de outros órgãos.

Jonas compartilha sua história com seus mais de 38 mil seguidores nas redes sociais, descrevendo-se como “anômalo”, referindo-se ao termo médico para características que fogem do padrão. Ele forneceu à reportagem um laudo de 2013 que confirma o diagnóstico de Situs Inversus Totalis.

De acordo com o cardiologista pediátrico Gabriel Carmona Fernandes, a inversão dos órgãos não costuma causar impacto relevante na rotina dos pacientes.

O médico Pablo de Souza complementa que casos como o de Jonas são frequentemente identificados apenas na vida adulta, especialmente quando o indivíduo não apresenta outras doenças associadas.

Apesar de viver bem, Jonas menciona que enfrenta dificuldades no atendimento médico. Ele relata que muitos profissionais têm dificuldade em localizar seus órgãos corretamente, o que complica avaliações em situações de dor ou doença.

Os médicos explicam que o diagnóstico do SIT pode ser feito por meio de exames de imagem como tomografia ou ultrassom. Fernandes acrescenta que, embora atualmente seja possível detectar a condição em fetos durante ultrassons morfológicos, essa identificação pode ser desafiadora devido à movimentação do bebê.

Jonas afirma que, apesar de sentir algum cansaço e uma respiração mais leve, sua rotina de trabalho não é afetada. Ele relata que trabalha sem muitas folgas e que, segundo médicos que o atenderam, deve continuar a levar uma vida normal. O cardiologista Pablo de Souza observa que, na maioria dos casos, o SIT é detectado apenas quando um problema específico leva à realização de exames mais detalhados.

Fonte: G1