Bebê morre após gestante sofrer hemorragia e SAMU negar atendimento, em Tijucas

O caso veio à tona quando o pai da criança, em meio à dor, relatou a angústia de carregar o caixão do próprio filho e a luta desesperada por assistência médica

Bebê morre após gestante sofrer hemorragia e SAMU negar atendimento, em Tijucas

Divulgação

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Uma família de Tijucas enfrenta a dolorosa perda de um bebê após uma série de eventos trágicos que culminaram na morte do recém-nascido João Guilherme. A gestante, que estava de 26 semanas, sofreu uma grave hemorragia e, apesar dos esforços para obter socorro, enfrentou obstáculos que retardaram o atendimento médico necessário.

O caso veio à tona quando o pai da criança, em meio à dor, relatou a angústia de carregar o caixão do próprio filho e a luta desesperada por assistência médica. "Eu tive que carregar o caixãozinho dele nos braços, a pior coisa que tem", desabafou. A situação foi agravada pela internação da mãe, que perdeu o filho devido à demora no socorro e à falta de recursos de emergência.

O pai questionou a destinação de recursos públicos para Escolas de Samba, contrastando com a precariedade dos serviços de saúde. O incidente suscitou críticas à gestão de prioridades, com apelos por mais investimentos em saúde e infraestrutura de emergência, como ambulâncias.

O atendimento pela equipe do SAMU foi solicitado mas negado, conforme relatos, o que levou a uma corrida contra o tempo para a transferência da gestante para o Hospital Regional de São José, onde foi realizada uma cesárea de emergência. Infelizmente, o bebê não sobreviveu.

A gestante estava realizando o pré-natal corretamente e que a família havia se preparado com amor e expectativa para a chegada de João Guilherme. "Já estava com os enxovalzinhos dele tudo prontinho já", lamentou o pai.

O Hospital São José, por meio do IGAPS (Instituto de Gestão Administração e Pesquisa em Saúde), oficializou uma comunicação ao SAMU relatando o ocorrido e solicitando uma revisão dos procedimentos. O documento destaca a urgência de melhorias no sistema de regulação de vagas e na agilidade do atendimento a emergências, visando evitar tragédias semelhantes no futuro:

“Entramos em contato imediatamente com o SAMU para solicitar assistência. A ocorrência foi registrada com o número 103, vaga zero, porém, infelizmente, foi negada pela regulação”, destaca o diretor Marcos Marcelino.

Cronologia dos Eventos:

O Início da Tragédia: A gestante começou a ter um sangramento intenso, sinalizando um estado de emergência que exigia intervenção médica imediata. A família, desesperada por ajuda, se viu diante da primeira barreira: a negativa de atendimento pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), crucial para a transferência da gestante para uma unidade com maternidade.

Busca por Socorro: Diante da recusa do SAMU em fornecer transporte, o Hospital São José, onde a gestante foi inicialmente atendida, tentou sem sucesso encontrar uma vaga em maternidades da região. A paciente só foi transferida para o Hospital Regional de São José após duas horas de espera, um atraso crítico dada a gravidade de sua condição.

A Luta pela Vida: Chegando ao Hospital Regional de São José, a gestante foi submetida a uma cesariana de emergência na tentativa de salvar tanto a mãe quanto o bebê. Apesar dos esforços dos médicos, o bebê, João Guilherme, não sobreviveu.

O Desenlace: A família, que já havia preparado com amor o enxoval e a casa para receber João Guilherme, foi submetida ao doloroso processo de sepultamento, transformando o que seria um momento de alegria em uma tragédia. O pai, especialmente, expressou o tormento de lidar com a perda: “O maior sofrimento foi na hora que eu vim pra fazer o sepultamento dele.”

A reportagem do Jornal Razão entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Governo de Santa Catarina, que se posicionou em nota: 

“A Superintendência de Urgência e Emergência (SUE) informa que na data de 7 de fevereiro, a Central de Urgência atendeu ligação provinda do Hospital de Tijucas. Na ocasião foi informado, que a paciente e bebê encontravam-se estáveis, sendo orientado o contato diretamente com a unidade hospitalar para transferência. Reiteramos que não houve negativa de atendimento”.