Comando Vermelho estava inserido completamente em Santa Catarina, revela megaoperação

Prisão de filho de vereador de SC culminou na investigação que prendeu 15 bandidos do Comando Vermelho, inclusive um dos chefões da facção, que morava em Itapema

Comando Vermelho estava inserido completamente em Santa Catarina, revela megaoperação

Reprodução / Redes sociais

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A prisão do empresário catarinense Ruan Arno Brockveld, filho de um vereador de SC, em fevereiro de 2022, foi o estopim para uma megaoperação da Polícia Federal realizada nesta terça-feira (18), com o objetivo de combater o tráfico de armas, drogas e lavagem de dinheiro no Brasil. Brockveld, de 24 anos, foi preso após ser flagrado com uma carga milionária de cocaína que seria enviada ao Rio de Janeiro.

No ano passado, a polícia apreendeu 725 quilos de cocaína em um apartamento alugado por Brockveld em Balneário Piçarras e mais uma quantidade de entorpecentes em sua residência em Navegantes. O empresário, que acabou condenado a 20 anos de prisão, alegou que apenas guardava o material, mas a Polícia Federal (PF) sustenta que ele também traficava.

A partir da quebra do sigilo telefônico de Brockveld, novos nomes surgiram e entraram na mira dos investigadores, segundo o delegado Alessandro Netto Vieira. Isso levou à prisão de 15 pessoas nesta terça-feira (18), muitas delas amigos de infância do empresário. Elas estariam envolvidas no envio de um arsenal de armas para a Baixada Fluminense no fim de 2021.

Na ocasião, a Polícia Rodoviária Federal interceptou uma Fiorino na Rodovia Presidente Dutra e apreendeu 35 pistolas calibre 9mm, dois fuzis calibre 762, quatro fuzis calibre 556, 100 munições calibre 45, 75 carregadores de calibres diversos e cerca de 570 quilos de maconha. Conforme Vieira, Brockveld atuava apenas no tráfico de drogas.

Segundo o investigador, essa operação de venda de armas, drogas e lavagem de dinheiro ocorria totalmente em território catarinense. As armas eram compradas em regiões de fronteira e depois negociadas via WhatsApp com criminosos.

A operação Facção Litoral, comandada pelo núcleo de Itajaí e com apoio da Justiça de Balneário Piçarras, cumpriu 15 ordens de prisão e 28 mandados de busca e apreensão nas cidades de Itajaí, Balneário Camboriú, Itapema, Camboriú, Navegantes, Balneário Piçarras, Penha, Florianópolis e Apiúna. Também estão sendo executados 12 mandados de sequestro de imóveis e 36 mandados de sequestro de veículos e embarcações, totalizando mais de R$ 37 milhões em bens apreendidos. Entre os veículos apreendidos está uma luxuosa Ferrari.

Nesta manhã, também estão sendo realizados bloqueios de contas bancárias de 32 pessoas físicas e jurídicas, com valores ainda a serem apurados pelos investigadores. Os celulares apreendidos ao longo do dia serão periciados para identificar outros envolvidos nos crimes.

A operação tem como foco desarticular essa rede criminosa que atua nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo o delegado Alessandro Netto Vieira, todo o ciclo dessa cadeia criminosa começava e terminava em SC. "Os criminosos estão aqui, daqui negociam a compra desse armamento e dessa droga, trazem para cá, escondem, renegociam e fazem a distribuição para grandes cidades do Brasil, para facções criminosas. Eles vendem armas para o Rio de Janeiro, Florianópolis, Rio Grande do Sul", explica Vieira.

A prisão de Ruan Arno Brockveld e a operação Facção Litoral reforçam a importância do combate ao tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro, não apenas no estado de Santa Catarina, mas em todo o Brasil. A atuação conjunta das autoridades policiais e judiciárias tem sido fundamental para desmantelar essas redes criminosas e enfraquecer o poder de atuação das facções envolvidas.