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A travesti presidiária Suzy Oliveira ficou nacionalmente conhecida após entrevista com o Doutor Dráuzio Varella para o Fantástico, programa televisivo brasileiro recordista em audiência. Sempre oportuno lembrar que o Doutor Varella é o mesmo médico que, também na mesma emissora em questão, falou em “gripezinha” ao se referir à Covid-19, mas teve sua fala deslembrada logo após o então presidente Jair Bolsonaro repetir o famigerado adjetivo em pronunciamento oficial, o que lhe custou a reeleição e lhe brindou com o epíteto de genocida.
Após a cena icônica do Doutor Varella abraçando a travesti presidiária em cadeia nacional, sinalizando, de maneira comovente, para as dificuldades e solidão na vida do cárcere, ela se tornou mais uma dessas subcelebridades instantâneas fabricadas pela portentosa emissora. Suzy recebeu centenas de cartas, presentes, maquiagens, livros, chocolates e todas as regalias possíveis com o apoio da Secretaria de Administração Penitenciária do Governador Doria.
A vitimização daqueles que cometem crimes parece ser uma das diretrizes religiosamente seguidas pelo show business e pelas concessões televisivas, e talvez por isso, à época, não tenha passado pela cabeça dos produtores da Rede Globo que entrevistar simpaticamente alguém que estuprou e assassinou uma criança de 9 anos pudesse causar alguma reação negativa.
Emerson Ramos da Costa Lemos, pai do garoto barbaramente trucidado, moveu uma ação por danos morais contra a emissora Globo que foi acatada pela juíza Regina de Oliveira Marques, da 5ª Vara Cível do Foro Regional II de Santo Amaro, na capital paulista. Nessa ocasião, a título de curiosidade para o leitor já engulhado por toda essa selvageria, a Folha de São Paulo publica uma matéria enfatizando que a juíza tratou a travesti em sua sentença pelo pronome masculino…
Antes que o leitor suspire, aliviado, com algum naco de justiça ao pai do garotinho, recordo aqui que a 1ª câmara de Direito Privado do TJ/SP reformou a sentença, negando o pedido de indenização.
O show de horrores de toda essa história macabra e ressuscitada pela agenda ideológica da Rede Globo parece não ter fim. Neste Natal, para a surpresa de ninguém, nossa travesti-celebridade foi agraciada com saída temporária natalina da cadeia, mas acabou sendo presa por descumprir as regras impostas pelo benefício. Ser preso quando já se está preso é uma dessas peculiaridades da fauna tupiniquim intraduzível para outras línguas.
Enquanto isso, em nossa querida Santa Catarina, conforme noticiado pelo Jornal Razão, acabamos de bater recorde em liberação de detentos para a “saidinha de Natal”, já proporcionando incríveis episódios para avivar as páginas policiais. Ainda não há relatos de travestis estupradores de vulneráveis ou de homicidas triplamente qualificados de saidinha passeando por nossas ruas festivamente decoradas de fim de ano, mas deixo o leitor avaliar se tal observação enseja motivos para comemoração ou para desconfiança.