Facção tinha mais de 30 apartamentos em Itapema e região, revela nova operação

Um dia após operação da PF contra o Comando Vermelho que prendeu chefão da facção em Itapema, nova ação, desta vez da Polícia Civil, envolve mais de 50 policiais em Itapema, Bombinhas, Itajaí e Balneário Camboriú

Facção tinha mais de 30 apartamentos em Itapema e região, revela nova operação

Reprodução / Redes sociais

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Na manhã desta quarta-feira (19), a Polícia Civil de Santa Catarina cumpriu diversos mandados de busca e apreensão em Itapema e Bombinhas, em uma operação envolvendo cerca de 50 policiais da região.

A Operação Fratelli foi deflagrada com o objetivo de combater uma facção criminosa baseada no Vale do Sinos, que atua em todo o Rio Grande do Sul e outros estados. A facção é suspeita de envolvimento em 12 assassinatos e de praticar tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Cerca de 280 agentes, entre policiais civis e militares, participam da operação.

Os principais alvos da ação são três pessoas apontadas como líderes do grupo, suspeitas de envolvimento em assassinatos em Porto Alegre, onde ocorreram quase todas as 12 mortes investigadas. Até as 7h50 desta quarta-feira, três pessoas haviam sido presas.

A investigação, conduzida pelo delegado Marcus Viafore, titular da 4ª Delegacia de Homicídios da Capital, recebeu o nome de Fratelli devido à semelhança no modo de agir do grupo com a máfia italiana, no qual muitos dos crimes foram cometidos por famílias que integram uma das ramificações da facção gaúcha.

Em dois anos de investigação, a polícia descobriu que a organização criminosa usou contas bancárias em nome de 24 laranjas, comprou imóveis, automóveis de luxo, investiu no mercado imobiliário, em empresas e ostentou viagens para pontos turísticos internacionais. A Justiça autorizou o bloqueio de bens e valores do grupo, avaliados em R$ 30 milhões.

Uma das provas é uma mensagem de texto apreendida pela polícia, na qual um dos suspeitos alega possuir mais de 30 apartamentos em um local específico.

Os suspeitos atuam no tráfico de drogas na zona sul de Porto Alegre e em São Leopoldo e, segundo a investigação, cometeram os homicídios por desavenças internas ou disputas por pontos de venda contra grupos rivais. Conforme Viafore, após os crimes, eles precisam "lavar o dinheiro sujo".

A investigação teve início em 2021, quando ocorreram duas tentativas de homicídio por desavenças relacionadas a pagamentos de serviços prestados. Apesar das tentativas, as vítimas sobreviveram, e o responsável pela ordem das execuções foi identificado. Ele tem antecedentes por 10 homicídios e quatro vezes por tráfico de drogas e está preso na Penitenciária Modulada de Charqueadas.

A facção lavou mais de R$ 30 milhões do tráfico de drogas, investindo em imóveis, veículos de luxo e depósitos bancários, tudo em nome de laranjas. Durante a investigação, foi descoberto que o grupo investiu no mercado imobiliário em dois estados, adquiriu pousadas no litoral catarinense e criou empresas de fachada. Em apenas oito meses, uma das empresas recebeu R$ 1,3 milhão da facção.

A Operação Fratelli ocorre em 10 cidades, e o diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, informa que, além dos três mandados de prisão preventiva, estão sendo cumpridas mais 170 ordens judiciais, incluindo a apreensão judicial de 23 imóveis, veículos, bloqueio de contas bancárias em nome de pelo menos 24 laranjas e afastamento dos sigilos fiscal, bancário e financeiro de pessoas jurídicas e físicas.

Os delegados Souza e Viafore destacam que pelo menos uma das prisões efetuadas durante a operação é referente à uma facção rival da organização criminosa alvo da ação policial. Souza explica que pelo menos um dos assassinatos investigados envolve um integrante da facção do Vale do Sinos, cometido por rivais que atuam na mesma região do Sul de Porto Alegre, onde disputam territórios.

O proprietário de uma imobiliária alvo da operação, localizada na Meia Praia, afirmou não ter conhecimento do inquérito e destacou que todas as transações da empresa são realizadas por meio de contratos e declaradas à Receita Federal. Ele se mostrou surpreso com a ação policial e disse estar com a consciência tranquila.

O advogado da imobiliária, por sua vez, informou que o processo tramita em segredo de Justiça e que irá se habilitar para tomar conhecimento do conteúdo e da dimensão real da operação que apura a lavagem de dinheiro. Somente após isso, poderá se pronunciar sobre as acusações contra seu cliente.

A operação policial segue em andamento, e mais informações serão divulgadas à medida que as investigações avancem.

As ordens judiciais incluem:

Três mandados de prisão preventiva

45 mandados de busca e apreensão

125 bloqueios bancários

23 indisponibilidades de imóveis

A Operação Fratelli visa desarticular a facção criminosa, responsável por diversos crimes, incluindo assassinatos, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A ação policial em andamento busca reunir mais provas e efetuar prisões para desmantelar a organização e impedir que continuem cometendo crimes no Rio Grande do Sul e em outros estados.