Esposa de líder do Comando Vermelho é recebida para reunião no Ministério da Justiça

Conhecida como “dama do tráfico amazonense”, ela esteve em audiências com dois secretários e dois diretores num período de três meses

Esposa de líder do Comando Vermelho  é recebida para reunião no Ministério da Justiça

Divulgação /@associacaoliberdadedoam

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Em uma revelação surpreendente, Luciane Barbosa Farias, conhecida como a "dama do tráfico amazonense" e integrante do Comando Vermelho, foi recebida duas vezes este ano por assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino, no edifício do ministério. Estas reuniões, realizadas em um período de três meses, incluíram encontros com dois secretários e dois diretores da pasta, embora o nome de Luciane não aparecesse nas agendas oficiais.

O Ministério da Justiça reconheceu a presença de Luciane, descrita como "cidadã", nas reuniões. No entanto, alegou que era "impossível" para o setor de inteligência detectar sua presença antecipadamente, visto que ela fazia parte de uma comitiva. Esta situação levanta questões sobre a eficácia dos procedimentos de segurança e inteligência do ministério.

Paralelamente, o país enfrenta uma crise de segurança pública. No mês passado, o governo declarou Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos no Rio de Janeiro e São Paulo para combater o crime organizado. Esta medida foi uma resposta ao aumento da violência, incluindo um recorde de ônibus incendiados no Rio de Janeiro e um número significativo de mortes em operações policiais na Bahia.

Luciane é esposa de Clemilson dos Santos Farias, também conhecido como "Tio Patinhas", um dos líderes do Comando Vermelho. Ele foi preso em uma cerimônia evangélica em Manaus, destacando sua posição proeminente na organização criminosa. A "dama do tráfico" é descrita como o braço financeiro do grupo, responsável por lavar o dinheiro da facção. Além disso, ela se apresenta como presidente de uma ONG, a Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), acusada de receber fundos do Comando Vermelho.

As reuniões entre Luciane e os funcionários do ministério ocorreram em momentos distintos. Em março, ela se encontrou com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos, e em maio, com Rafael Velasco Brandani, da Secretaria Nacional de Políticas Penais. Ambos os encontros ocorreram dentro do ministério.

O caso de Clemilson e Luciane é complexo, envolvendo acusações de tráfico, lavagem de dinheiro e associação com organizações criminosas. Clemilson, com uma história de ascensão de uma vida modesta para a liderança no tráfico, nega as acusações, apesar das evidências contrárias.

Em resposta às recentes revelações, o Ministério da Justiça emitiu uma nota detalhando os procedimentos seguidos durante as reuniões e justificando a presença de Luciane como parte de uma comitiva da ANACRIM. A nota enfatiza a impossibilidade de identificar previamente a presença de acompanhantes em reuniões solicitadas por entidades externas.