Ilustração de dois Parvosuchus aurelioi - Matheus Fernandes
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Uma nova espécie de réptil extinto, denominada Parvosuchus aurelioi, foi encontrada no Rio Grande do Sul e apresentada à comunidade científica, revelando um predador terrestre de apenas um metro de comprimento que viveu há 237 milhões de anos.
A descoberta, realizada pelo paleontólogo Rodrigo Temp Müller, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é detalhada em artigo na revista Scientific Reports.
Os fósseis do P. aurelioi foram encontrados em Paraíso do Sul, a 193 quilômetros de Porto Alegre, e oferecem novas perspectivas sobre a diversidade dos antigos parentes dos crocodilos e jacarés.
Diferente dos seus descendentes modernos, o Parvosuchus possuía patas ágeis, similares às de felinos ou raposas, e vivia exclusivamente em terra firme.
As rochas da região sulista, assim como outras áreas do Rio Grande do Sul, registram importantes fases da evolução durante o período Triássico, anterior ao aparecimento dos dinossauros. Esse período foi marcado pela diversidade de répteis, incluindo os Pseudosuchia, grupo que abrange tanto os ancestrais dos crocodilianos quanto o pequeno Parvosuchus e outros grandes predadores terrestres.
Müller explica que, assim como os felinos modernos ocupam diferentes nichos ecológicos, o Parvosuchus coexistia com outros Pseudosuchia, alguns com até sete metros de comprimento, em um equilíbrio ecológico similar ao de onças e jaguatiricas hoje em dia. Ele sugere que a ascensão dos dinossauros e mudanças climáticas podem ter contribuído para a diminuição da diversidade desse grupo no Triássico.
No entanto, no Cretáceo brasileiro, membros terrestres associados aos crocodilos voltaram a se diversificar, incluindo grandes predadores encontrados em regiões como o interior de São Paulo.
O nome do gênero, Parvosuchus, significa "crocodilo pequeno" em uma combinação de latim e grego, enquanto aurelioi homenageia o médico Pedro Lucas Porcela Aurélio, um entusiasta da paleontologia de Cachoeira do Sul, reconhecido por suas contribuições significativas ao campo ao descobrir e encaminhar fósseis para instituições de pesquisa.
Müller destaca que, apesar da distância de Porto Alegre, a região onde os fósseis foram encontrados também foi afetada por desastres climáticos recentes, com deslizamentos de terra prejudicando estradas. A experiência dos paleontólogos com escavações tem sido útil para auxiliar nas emergências locais, refletindo a complexidade das condições enfrentadas.
Fonte: Folha de São Paulo