Juíza suspende concurso de 'Rainha' após derrota de candidata trans, em SC

Justiça considerou que deputado estadual de SC não poderia ser jurado: "foi parcial". Jessé afirma ser defensor da família e dos princípios cristãos e disse que não permitirá a “ideologia de gênero” em Santa Catarina.

Juíza suspende concurso de 'Rainha' após derrota de candidata trans, em SC

Reprodução / Redes sociais

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Na mais recente atualização sobre a polêmica envolvendo a Festa do Agricultor de Ermo, em Santa Catarina, um novo desdobramento aumentou a tensão em torno da participação de uma candidata trans no concurso de "Rainha". O deputado estadual Jessé Lopes, que causou controvérsias com comentários considerados transfóbicos e foi posteriormente escolhido para ser um dos jurados do evento, informou que uma decisão judicial suspendeu o resultado final do concurso.

De acordo com o deputado, a decisão judicial citou uma possível parcialidade em seus votos. O edital do concurso, de acordo com Lopes, especifica que os jurados devem ser imparciais, sem vínculos de parentesco ou profissionais com as candidatas, e que não residam no município de Ermo. Os critérios de julgamento incluíam entrevista, beleza, postura, carisma e expressão corporal.

"Lamentamos a decisão da juíza em suspender o concurso de ERMO/SC. Ermo e muito menos as lindas meninas vencedoras merecem passar por este constrangimento por conta de imposição ideológica dessa turma que moveu a ação", disse o deputado.

Lopes argumentou que seus votos foram baseados nesses critérios, independentemente de suas opiniões pessoais sobre a participação de pessoas trans no concurso. Ele também expressou desapontamento com a decisão da justiça e criticou a candidata trans por, segundo ele, se sentir prejudicada por um único jurado em um painel de cinco.

Por outro lado, defensores da candidata trans e grupos LGBTQIA+ argumentam que a participação do deputado no júri pode ter influenciado a decisão, considerando suas declarações públicas anteriores.

"Que absurdo! Agora candidata trans exige o direito de vencer?", questionou Bia Kicis, Deputada Federal mais votada do Distrito Federal, com 214.733 votos. 

Outro internauta, todavia, questionou Jessé: 

"Na verdade a decisão se deu em base de você ter se posicionado contra a candidata antes do concurso já, ir ao local, tentar intimidar a mesma e todos que estavam presentes na torcida e dizer que estava lá para que o Ermo fosse bem representado. Aliás quais qualificações técnicas você tem para escolha de miss?", disse Carlos Eduardo Volpato. 

Polêmica no dia do concurso

Após se posicionar nas redes sociais, Jessé foi convidado a participar como jurado no evento, intensificando o debate.

Um vídeo divulgado por um ativista da causa LGBTQIA+ e autoproclamado “policial civil antifascista” viralizou nas redes sociais. Na gravação, o homem, que foi candidato a deputado estadual pelo PT em SC e é pai de uma “princesa trans”, diz que Jessé é criminoso, homofóbico e transfóbico.

Nas redes sociais, tanto a página oficial do evento quanto o perfil da jovem trans receberam comentários diversos, variando entre mensagens de apoio à sua participação e manifestações contrárias. Grupos LGBTQIA+ criticaram a organização de convidar o deputado para ser jurado do concurso.

“Repúdio total pela escolha de um deputado criminoso e transfóbico para jurado do concurso do evento. Ressaltamos que o referido deputado já havia se manifestado publicamente em suas redes sociais de forma criminosa e derespeitosa contra uma das candidatas por ela ser uma mulher trans.”

Jessé afirma ser defensor da família e dos princípios cristãos e disse que não permitirá a “ideologia de gênero” em Santa Catarina.