Imprensa ignora milhares de professores protestando contra Lula em Brasília

O movimento, que já dura meses, tem ganhado força e adesão de várias categorias do funcionalismo público, mas segue sendo amplamente ignorado pela grande imprensa

Imprensa ignora milhares de professores protestando contra Lula em Brasília

Divulgação

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Enquanto a mídia foca em outros temas, milhares de professores de diversas universidades federais, incluindo a UFSC, se reuniram em Brasília para protestar contra o governo Lula. O movimento, que já dura meses, tem ganhado força e adesão de várias categorias do funcionalismo público, mas segue sendo amplamente ignorado pela grande imprensa.

Professores da UFSC rejeitam proposta do governo

Em assembleia realizada em 20 de maio de 2024, os professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) decidiram, por unanimidade, rejeitar a proposta do governo apresentada no dia 15 de maio. Entre os principais motivos da rejeição estão a manutenção do reajuste zero para 2024, a falta de consideração para aposentados e uma reestruturação de carreira considerada falsa e insignificante. Além disso, o governo não contemplou a recomposição do orçamento das universidades. Presentes na assembleia estavam 344 professores, que também aprovaram que o PROIFES não assine o acordo em nome dos docentes da UFSC.

Nas redes sociais, professores expressaram sua frustração e indignação com a proposta do governo. Daniel Vasconcelos, um dos professores, criticou duramente a proposta, afirmando que não há reajuste algum e que o aumento prometido é apenas uma ilusão estatística. Outros comentários ecoaram a insatisfação generalizada com o governo Lula, destacando a falta de apoio à educação e o favorecimento de outras categorias, como a polícia.

Governo mantém posição inflexível

O governo federal, através do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, apresentou uma nova proposta no dia 21 de maio, mantendo o reajuste zero para 2024, oferecendo 9% em 2025 e 5% em 2026. Em uma declaração polêmica, o secretário de Relações do Trabalho, José Lopez Feijóo, teria dito durante as negociações que “não tem mais papo”, indicando a inflexibilidade do governo.

Membros do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior de Santa Catarina (Sintufsc) participaram ativamente das manifestações em Brasília. A greve, iniciada em março pelos servidores técnicos administrativos em educação (TAEs), continua forte, com adesão de 66 universidades, dois institutos federais e um Centro Federal de Educação Tecnológica. A principal demanda é a recomposição salarial e a reestruturação da carreira, além da saída do superintendente do Hospital Universitário da UFSC.

Nesta quarta-feira, dia 22, professores e técnicos se uniram à Marcha da Classe Trabalhadora em Brasília, que busca garantir melhores condições de trabalho e vida para os brasileiros. Os manifestantes partiram do Estádio Nacional Mané Garrincha em direção à Esplanada dos Ministérios, levando suas reivindicações ao governo federal, com gritos de “Professor na Rua, Lula a Culpa é Sua”.

A insatisfação com o governo Lula é evidente entre os manifestantes e nas redes sociais. Professores criticam a falta de diálogo e a proposta insuficiente do governo. Muitos destacam que, enquanto o governo investe bilhões no agronegócio e concede aumentos significativos para a polícia, a educação é deixada de lado. As críticas também se voltam contra o Arcabouço Fiscal, que limita os investimentos públicos em áreas essenciais como educação e saúde.

Artigo do site Esquerda Diário criticou o Governo Federal e citou fim da ‘Lua de Mel’ 

Já há 2 meses após o início da greve das federais e já há um mês em greve, os docentes da UFRN, em sua primeira assembleia após a última mesa de negociação, rejeitaram a proposta do governo Lula-Alckmin de reajuste 0% para 2024, 9% para 2025 e 3,5% 2026. Essa proposta absurda do governo é demonstração direta das consequências do Arcabouço Fiscal de Lula-Alckmin e Haddad, um teto de gastos que limita os investimentos públicos em educação, saúde e outras áreas estruturais, também aprofundando a terceirização, para garantir verbas para o pagamento da fraudulenta dívida pública, enchendo os bolsos dos banqueiros.

No decorrer de diversas intervenções, professores criticaram a intransigência que o governo mantém com os trabalhadores da educação ao mesmo tempo em que libera o maior Plano Safra da história, com 300 bilhões para o agronegócio, concede reajuste para as polícias e fortalece setores-base do bolsonarismo.

A greve, é um dos fatores à esquerda no fim da lua de mel com a Frente Ampla, em meio também a fatores à direita como a catástrofe climática no Rio Grande do Sul por responsabilidade de Melo e Leite. O governo Lula-Alckmin tenta a todo custo enfraquecer as greves dividindo os setores em luta, por exemplo tendo chamado apenas os professores para negociação na semana passada. Também a CUT, central sindical governista, chamou um ato do funcionalismo público separado do ato nacional dos técnicos, quando na verdade todos os estudantes, professores e demais trabalhadores deveriam estar junto dos técnicos que são vanguarda de luta nacional. Na contramão da disposição de luta expressa pelos professores e técnicos, a diretoria da ADURN, composta pelo PT e PCdoB, os mesmos partidos que hoje são o governo, atua como pode contra a greve, tendo inclusive se oposto à deflagração de greve bem como, agora, sendo quem, junto ao PROIFES, uma federação governista de sindicatos docentes à qual a ADURN é filiada, diretamente está mais à frente de defender o fim da greve e que se aceite o reajuste 0% sob a justificativa de que a greve “já conquistou o que poderia”. À defesa da proposta do governo pelo presidente do PROIFES na assembleia, professores responderam com vaias.

Como diversos professores colocaram na assembleia, apenas a própria força da greve define o que se conquista e quando a greve se encerra. A greve das federais, com os técnicos na vanguarda, vem demonstrando força, inclusive tendo arrancado do governo uma recomposição orçamentária de 327 milhões, mas que não cobre os cortes de Lula-Alckmin. É necessário massificar e unificar as greves, coordenando a luta nacionalmente contra o Arcabouço Fiscal para conseguir arrancar as demandas dos técnico-administrativos, professores e estudantes. Para isso, defendemos um comando de greve nacional dos três setores com delegados eleitos e revogáveis em assembleias de base para coordenar e dirigir a greve unificando nossa luta pela revogação do Arcabouço Fiscal e apoio ao Rio Grande do Sul.

SINTUFCe também publicou: “A mesa do dia 21/05 pareceu uma repetição da mesa do dia 19/04. Se comédia ou tragédia, essa repetição de mesa foi grotesca. E ainda mais porque expôs posturas que merecem todo o nosso repúdio. Patrão é patrão. Trabalhador é trabalhador. E para nós, TAEs, o governo é patrão. Não podemos de forma alguma confundir as coisas.

A proposta colocada na mesa, merece apenas a lata do lixo. O governo levou mais de trinta dias para nos apresentar sofríveis migalhas. E o que faz uma diretora da FASUBRA, que se identificou como “representante do Campo Cutista”? Afirma que “houve avanços” e que é preciso “compreender o governo”.

Engraçado que, nesta greve, estamos ouvindo muitos camaradas falando de suas experiências, de seus enfrentamentos com o governo. Respeitamos a história de cada camarada pois, diferente do que se possa pensar, cada experiência individual construiu coletivamente a história do SINTUFCE. E é por essa história, pelo respeito a ela, que devemos repudiar de forma contundente a postura da coordenadora, Cristina Del Papa.

 Não foi um jovem inexperiente que se portou de forma totalmente equivocada, para dizer o mínimo. Quem o fez foi um experiente dirigente!

Que se traga a discussão para a base, defenda-se o que quiser na base. Mas nas mesas de negociação, representando a categoria, defende-se o que estas mesmas bases aprovaram.

Porque nossos sindicatos são construídos pelas bases, sempre. Neste momento vamos reafirmar a proposta da FASUBRA, sim! E exigimos respeito à democracia sindical, que aponta que devemos, todas e todos, unidos, defender o que os fóruns da categoria decidirem! A GREVE CONTINUA!”