'Festa do Colono' é cancelada após trans perder concurso de 'Rainha', em SC

Deputado catarinense foi denunciado pelo Ministério Público Federal por 'transfobia' e responderá pelo crime de racismo

'Festa do Colono' é cancelada após trans perder concurso de 'Rainha', em SC

Reprodução / Redes sociais

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A VII Festa do Agricultor e V Arrancada de Tratores, evento programado para acontecer em Ermo, Santa Catarina, foi cancelada após acusações de transfobia resultarem em um complicado embate judicial. A acusação partiu de uma candidata trans ao título de "Rainha" do evento, que alegou que o deputado estadual Jessé Lopes (PL), um dos jurados do concurso, demonstrou transfobia em suas postagens nas redes sociais.

Jessé Lopes, em suas publicações, teria afirmado que a candidata "um homem biológico tiraria o lugar das mulheres de verdade no concurso" e que a candidata ganharia o título apenas "em nome da lacração esquerdista", de acordo com a defesa da jovem trans. A defesa da candidata, identificada como Luiza, levou o caso ao Ministério Público, que reconheceu o caso como crime de racismo e o remeteu ao Ministério Público Federal. Jessé Lopes, segundo o advogado de Luiza, responderá por homofobia, considerada crime análogo ao de racismo.

Jessé Lopes defende-se alegando que as notas que deu à candidata foram baseadas em seu desempenho e beleza, não em sua identidade de gênero. Ele também mencionou que tem um projeto de lei em andamento que proibiria a participação de pessoas trans em concursos de beleza e esportes femininos.

Thauan Maia de Moraes, advogado de Luiza, argumenta que a presença de Jessé Lopes como jurado prejudicou sua cliente, causando-lhe nervosismo e interferindo em seu desempenho. Ele explicou que o pedido inicial era para que as notas fossem desconsideradas, e não para a anulação total do concurso. No entanto, a juíza encarregada do caso decidiu pela suspensão do concurso.

Luiza declarou que queria vencer o concurso para "homenagear todas as pessoas de nossa amada terra", enquanto o deputado Jessé Lopes expressou lamentações pela decisão da juíza, argumentando que a ação legal era resultado de uma "imposição ideológica".