Lula escolhe seu próprio advogado para o Supremo Tribunal Federal

Pacheco confirma indicação de Zanin ao STF e avalia nome “positivamente”.

Lula escolhe seu próprio advogado para o Supremo Tribunal Federal

Reprodução / Redes sociais

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São Paulo - O advogado Cristiano Zanin Martins, conhecido por sua atuação na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Operação Lava Jato, foi escolhido pelo presidente Lula para ocupar a vaga no Supremo Tribunal Federal deixada pelo ministro Ricardo Lewandowski. A indicação, considerada "personalíssima" pelo petista, foi confirmada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Agora, Zanin enfrentará uma sabatina no Senado, onde terá que responder a questionamentos sobre sua trajetória profissional e enfrentar temas espinhosos.

Natural de Piracicaba, cidade localizada a 160 km de São Paulo, Zanin, de 47 anos, poderá permanecer no STF por até 28 anos, uma vez que os ministros se aposentam compulsoriamente aos 75 anos. Filho de advogado, ele estudou em colégios tradicionais de Piracicaba antes de se formar em direito pela PUC (Pontifícia Universidade Católica), em 1999.

Seu primeiro emprego foi no prestigiado escritório Arruda Alvim, onde trabalhou por cinco anos. Foi lá que Zanin conheceu sua atual esposa, Valeska Teixeira, e seu sogro, Roberto Teixeira. Juntos, eles se tornaram sócios da banca que, posteriormente, defenderia Lula na Lava Jato.

O primeiro contato de Zanin com o ex-presidente ocorreu por intermédio de seu sogro, que sugeriu seu nome para a defesa de Lula durante a operação. Roberto Teixeira, que é compadre de Lula, enxergava na atuação de Zanin uma forma de combater a "perseguição judicial" enfrentada pelo petista. Antes disso, o advogado já havia atuado em processos envolvendo a família Lula, como o caso do passaporte diplomático de Luís Cláudio Lula da Silva, o Lulinha, que foi anulado pela Justiça.

A lealdade de Zanin a Lula tem sido um dos pontos cruciais de sua nomeação ao STF, reconhecida tanto por aliados quanto por adversários. Desde que assumiu a defesa do ex-presidente, o advogado enfrentou críticas quanto à sua competência técnica para lidar com um caso de tamanha relevância, já que sua atuação anterior se concentrava principalmente em processos empresariais.

Um dos momentos emblemáticos dessa relação foi o ingresso do ex-ministro Sepúlveda Pertence na defesa de Lula, em 2018, após pressões internas do próprio PT em relação ao trabalho de Zanin. Pertence liderou um movimento para tentar converter a prisão de Lula em prisão domiciliar, o que gerou divergências com Zanin, que acreditava que essa medida enfraqueceria o discurso de inocência do petista. O embate se tornou público e resultou no rompimento entre Zanin e o coletivo Prerrogativas, do qual ele fazia parte.

O advogado tem minimizado esses episódios, mas está se preparando para enfrentar esses temas durante as discussões com os senadores. A sabatina será um momento crucial para avaliar a indicação de Zanin ao STF e definir seu futuro no mais alto tribunal do país.